domingo, 13 de agosto de 2017

Heterônimo.

Prazer, esse sou eu.
Perfeccionista, mas preguiçoso.
Um cansado que não cessa.
Um músico que não canta.
Um escrito não lido por todos. Por poucos.
Um estojo de lápis apontados pouco usados.
Sou papéis, folhas escritas, umas mais, outras menos
Muitas em branco, bem verdade. Aos olhos meus, todas escritas.
Um pacote de ideias, todas ótimas.
Talentos, habilidades não aprimoradas. Vazias.
Falta-me praticidade, senso. A vida exige isso.
Sei muito, sei muito que outros não sabem
Não importa. Nunca fez diferença. Pra quê?
Um dia de sol forte longe da praia
Um dia de chuva olhando para o mar
Sim, às vezes dou sorte. Bem sabes.
Tropeços e quedas.
Ralados, cortes e cicatrizes.
Remendos de vidas, remendos de sonhos.
Ideais meus, alguns alheios. Apossei-me deles. São meus agora.
Somos tantos outros, coisas, palavras, pessoas.
Somos mantos de retalhos, intermináveis.
Sou tantos que nem sei quem sou.
Sou todos os eus que conheci. Eles vieram e ficaram.
Além dos que ainda virão. Sou interminável.
Confesso que estou curioso.
Quero me conhecer mais.
Quero ver o meu próximo eu a chegar.

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