Ah
se eu pudesse dizer o que calo
Tudo
que a educação me impede
Educação
e moral
Censura
mental, vulgo bom senso
Esquecer
quem é quem
“Sabe
com quem está falando?”
Sei,
seu resto de gente
Rascunho
rasgado roído
Pelos
ratos da Central
Não
importa de quem seja filho
Seja
marido, esposa
Filho
da pulga que fosse
Ouviria,
teria que ouvir
Sem
opção, nem para onde ir
Observariam
ser diminuído
Reduzido
a uma fração de canalhice
Ainda
mais ínfimo que a própria dignidade
Empatia?
Somente aos empáticos
Seria
por respeito a todos, em nome de todos
Diria
tanta coisa
Regurgitaria
em nome de milhares
Seria
um momento catártico, depurador
Memorável
aos passantes
Gravado
e viralizado em segundos
Dentre
fãs e carrascos, eu relaxaria
De
ombros aos sensatinhos da vez
Ou
um cremoso “phoda-se” a eles todos
Com
“ph” mesmo, para ser clássico
Com
ênfase na primeira sílaba para ser cirúrgico
Como
uma mão aberta
Estalada
nas fuças
Marcando
os cinco dedos
Defensores
da moral conveniente
Da
educação silenciosa
Chamam
de respeito a conivência
Leis
cúmplices
Mandaria
todos para a casa do queralho
Não
me falem em postura
Não
me falem em tolerância
Não
há tempo para isso
Gritaria,
“Cansei!”
Explosão,
copo virado
Essa
indiferença me vira o estômago
Deboche
sem talento, sem vocação
Sinto
raiva mesmo
Esse
escárnio todo me consome
Esgota-me
Calo
minha voz
Meu
espírito vocifera
Minha
mente não sossega
Meu
peito sangra
E
o mundo samba
Não
dá... .
Não
posso...
Mas
se eu pudesse... .