quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Domingo.

Quando acordo em um Domingo, percebo logo que é um dia diferente dos outros.
Não apenas por ser um dia de descanso, relaxamento, mas há algo singular nesse dia.

O som do Domingo. Será que alguém já reparou na sonoridade desse dia? Dependendo de onde mora, não há. Sem fazer puxa-saquismo a Simon & Garfunkel, apesar de merecem uma feriado internacional, é o som do silêncio a que me refiro. Há menos carros circulando, menos ônibus e o barulho que impera, quando há, são vozes, passos, latidos, enfim, sons quase imperceptíveis caso estivéssemos em qualquer um dos cinco dias úteis. Até mesmo o Sábado é um dia mais lento, mas nada se compara ao marasmo, por vezes insuportável, do Domingo.

Isso me lembra um pouco as madrugadas.  Há Domingos que são tão lentos quanto uma Terça-Feira às 02h00 da manhã. Ouvimos nem vozes, passos então... . Ouvimos, quando passam, carros e aquele som de frescor que deixam para trás, um de cada vez, pois não há tráfego intenso tão tarde; pelo menos onde moro e digito esse texto agora.

Engraçado que já percebi até a coloração de um Domingo especial. Parecia-me diferente de uma Segunda ou Terça-Feira de sol. Os dias da semana me parecem sempre mais claros e o sol, mais forte. Mas isso aí eu atribuo a minha preguiça mesmo. O sol jamais brilharia mais forte apenas para castigar os assalariados que batem ponto às 7h da manhã. Sol é natureza e a ela, toda veneração e admiração. Eu é que não ousaria desafiá-la. Deus me livre!

Afinal de contas, por que há tanto preconceito contra o Domingo? Só porque é véspera de Segunda-Feira? O problema seria contra a Segunda-Feira e seu impiedoso senso de “ainda faltam cinco dias para o próximo fim de semana”? O problema seria ter a casa cheia naquele dia dedicado à reclusão absoluta? Talvez seriam aqueles programas de televisão que mostram a espúria face do brasileiro, sem cortes ou filtros. Alguma razão há de haver. Também não podemos culpar a lua e os astros por tudo que acontece em nossas vidas.

Percebi isso no último Domingo. Gosto de prestar atenção a essas besteiras que para nada servem. Vazios que são pensados em uma manhã cinzenta do primeiro dia da semana. Na verdade, nem se trata de gostar ou não. Quando percebo, lá estou eu, pensando no que as formigas que vi no dia anterior andando na beira de uma via expressa estão a fazer naquele momento. Talvez estejam em suas tocas; ou mortas, o que acho mais provável. Inutilidades. E elas, na minha opinião, são piores do que as futilidades. Nessas você ainda gosta de alguma coisa; naquelas, apenas constata que tudo aquele foi... perdido.

Não considero o Domingo um dia como os outros. É um dia qualquer para alguns, de folga para outros. Ou seja, o Domingo é como se fosse a nossa vida dentro do cotidiano. Enquanto uns crescem, outros sucumbem. Em todos os sentidos possíveis. Nunca será tão massacrado como uma Segunda-Feira, muito menos venerado como a Sexta-Feira - que é apenas mais um dia de trabalho; nunca entendi direito toda essa adoração por esse dia – e tão pouco relaxante e macio como um sábado. É um dia neutro, sem ondas ou marolas.


Eu diria que se trata de um dia moco. Apenas isso, moco. 

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