Os
demônios dentro de mim
Habitantes
conscientes que são
Correm
desesperadamente toda noite
Fazem
festa madrugada adentro
Esvaziam
a minha limitada adega
Melhor,
meu boteco, coitado
Danados
eles, viu
De
porre, gritam
Escândalo
na sacada
Discutem
minha vida
Fofoca
pouca é mentira
Só
dos medos, falam por mais de hora
Crudelíssimos,
esses filhos da mãe
Procuram
e encontram
Expõem
até as vísceras
Nada
discretos
Não
quero lembrar
Não
quero nem ver
Muito
menos falar sobre
Que
saco, capetinhas dos infernos
Em
vão, eles não param
Querem
decorar o salão
Pegam
bexigas, cores variadas
Enchem
a plenos pulmões
Ignoram
os limites
Regozijam-se
ao explodi-las
Quando
será o próximo estouro?
Ah,
isso acaba comigo!
Terrível
ficar na expectativa do som
Assusto-me
a cada novo.
Surpreso,
assustado, ansioso
Lá
vem eles de novo
Agora
com a tinta de sempre
Verdades em tons fortes
Piores
em caixa alta
Duras
e fluorescentes
Dedicam-me
algumas delas
Sem
indiretas, dizem eles
Trabalham
sempre com foco na jugular
Prefiro
assim
Cirúrgico
A
noite segue e a farra não acaba
Vejo
o teto, a parede, quando, de bruços
Não
adianta, estão sempre eufóricos
Até
a mobília eles mudam
Desdecoradores
de ambientes também os são
Cadeiras
pra lá, sofá, aqui
Eu
de ontem, de agora
Troca
tudo, muda, tira e afasta
Uma
zona, tenho que dizer
Fico
revirado
Pelo
avesso
Abrem
os armários
Espalham
a poeira de debaixo do tapete
Maquiam
os cômodos com o pó
Que
eu deixei acumular
E
não satisfeitos
Reviram
minhas gavetas todas
Jogam
todas as peças em minha cara
Sem
nenhum respeito
Vejo
cada uma delas
Penduradas
em meu nariz
Diante
dos meus olhos
Não
sei como conseguem
São
incansáveis essas figuras
Uma
energia que não tem fim
Pique
invejável
A
noite inteira
Até
o meu sono chegar.