segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Confissão.

Sou tantos mistérios
Tanto me escondo que me canso
Quero sempre me compreender
Busco um entendimento
A forma mais didática de explicar
A mim mesmo
Quem sou e como sou
Por vezes, tento me ler
Me perco no meu próprio idioma
Tradução quase que inviável
Sem controle, desvairado
Descendo a ladeira há muito avistada
Com muro no fim
Ausência de freio
Batida iminente e consciente
Juro que tento captar o meu ser
Dar a ele um rótulo
Um nome, uma definição já dicionarizada
Limitá-lo a algo pré-existente
Porém, sou incoerente aos meus conceitos
Me traio constantemente
Faço tudo que não aconselho
Ouço aquilo que abomino
Desejo o proibido
Almejo o impossível
Quero a perfeição quimérica
Peço, imploro, rastejo
Humilho-me sem vergonhas de ser
Assino minha sentença
Abro minha cova
Gostaria de olhar no espelho
Me enxergar pela primeira vez
Mas não me defino
Não me vejo, não me desenho
Não há auto retrato
Sou invisível aos meus olhos
Seco em minhas lágrimas

Dormente ao meu toque.