quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Rebelião.


Não posso diminuir minha sensibilidade
Mediocrizar o meu sentir
Reduzir meu tato
Sangrar os olhos e o peito
Sinto de forma aguda
As vísceras entrelaçam-se
Um ritmo insano de pressa
Maior do que parece
Mais intenso do que percebes
Não aceito, mas vivo.
A dor é doída no limite do suportável
Choro de morte, pelas mortes
Defuntos vivos ou não
Mortos-vivos, infelizmente
A estupidez como enfermidade friamente grave
Duramente feroz
Raiva mais desilusão mais pobreza
Violência com lágrimas
Sal em olhos de frequentes salinas
Não param de temperar os cílios ou olhos ou a alma
A revolta potencializa a voz
Lubrifica as cordas vocais da conclamação
Ecoa um grito de rasgo abrupto
Escândalos particulares que já tive
Enoja-me a abstenção
Covardia enervante essa
Vergonha... vergonha.
Essência do escárnio
A voz não cala
A mente não deixa
Que me ouçam
Que me julguem e condenem
A pena me justificará
E me lembrará lembrando a mim
Orgulhosamente
Que tentei.