quinta-feira, 9 de abril de 2020

Farol.



Poderia ser pior
Como se fosse possível
Mas, é
Seria ainda mais desastroso
Imprecisões nos encurralam
Pavores renováveis
A agonia solidifica-se
Asfixia-nos sem piedade
No presente, temos medo
E temo temer por muito tempo
Temeremos, que jeito
O jogo mudou
Perdemos as cartas
O vento carregou
Trouxe-nos um verso
Não faça planos
Poupe-se da frustração
Salve-se da dor
Ainda dá, ainda é possível
Atenha-se ao afago do agora
Enrole-se nesse calorzinho
Pode ser passageiro, quem sabe
Ter consciência tornou-se um fardo
Saber hoje é dor
Queria viver obtusamente
Alheio à realidade, que nos é vilã
Junto dos novos conterrâneos
Bestas que são; felizes
Assertivos
A estupidez anestesia
Tolice e cachaça são sinônimas
Quero um porre de imbecilidade
Esquecer do horror
Da atrocidade de um quintal de egoísmos
A fobia pelo fim inevitável
Poderia ser pior
Tua figura
Seus olhos e sons
Minhas memórias nossas
Minhas esperanças concretas e vagas
Meus planos nossos
Ânsia de vida, minha e tua
Filete de sol
Fagulha
Rumo
Norte
Poderia ser pior
Doeria mais
Faltaria tanto
Sobraria nada

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