terça-feira, 7 de abril de 2020

Digressão.


Acordar de novo
Novo há nada
Em lugar nenhum das novidades
Não há tempestades maiores
Nem tormentas tantas
Acordar é o exercício constante
Cansativa rotina de existir
O ter que de todo dia
Estar, dizer e respirar
Pagar, chorar e esperar
Às vezes, quero apenas parar
Sentir os meus eus aquietarem
Deixá-los no sol para quarar
As tantas forças de seus dizeres
Sons de vozes diversas
Sonoridade enfadonha demais
Excessivamente pesada
Tudo isso me suga;
Esgota-me.
O silêncio grita mais do que eu calado
Meus espectros de ideias
Planos falhados, nem tentados
Ou tentados e falhados
Misturam-se com esperanças vagas
Mas ainda há, algumas.
O mundo ou o universo comunicam
Prostramo-nos diante da praia brava
Proibida e imperiosa
Obrigatório nosso mergulho diário
E vou às gargalhadas
Sorrir para a onda que me engole
Quero chocalhar da água que engulo
Afoga-me e eu regozijo.
A vida e seus vieses.
Sou obrigado a achar graça da dor
Não me deixam penar
Doer pela dor e somente por ela
Nem se eu quisesse
Nem doer eu poderia
Tenho que debochar
Zombetear minha razão de ser
Anestesiar o pranto
De talvez não chegar a ser
Contentando-me ao quase
Ou à esperança de um dia.

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