terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Brevidades.


Falemos sobre fins
Da linha, do prazo
Do suplício, da dor
Da semana
Da vida
Nascemos para morrer
Fim certo
Inescapável destino temos nós
A existência finita
A única que não tem solução
Ela chega, chegará
Cedo, nunca tarde
Antes do tudo
A fazer, a dizer
A viver
Por que guardamos sorrisos?
Por que contemos risadas?
Por que aguardamos o momento
Que julgamos ser o mais certo
Para dizer o que queremos
O que tememos
O que queremos
O que sentimos
Legitimamente
Oras, se é verdade
Pra que limitar a boca
E calar seus sons ansiados
Tão esperados, e como!
Por que guardamos os presentes?
Por que poupamos os elogios?
Por que tememos as felicidades?
Por que nos acomodamos com as lágrimas?
Fazer da tristeza rotina
Por que deixas o que quero ouvir
Para depois, para amanhã?
Queres também, tu disseste.
Que amanhã pode haver?
Que momento pode acontecer?
Garantia de ter a outra chance
Quem a garante?
Trabalhamos com incertezas
Apenas pode ser
Talvez será
O fim é o certo
Nosso ponto final está garantido
Certeiro é o claro da  manhã
O escuro da noite
O resto apenas talvez
A vida é veloz
É breve
Somos breves
Curtos, tão miúdos
O meu querer eu digo agora
A minha dor explano agora
O meu amor declaro agora
O meu abraço te dou agora
Não quero o destino
De manter em mim
Os presentes da minha alma para ti
E chegar atrasado
Tarde, muito tarde
Tarde demais
Breves, já disse
E tu, nós
Somos também.
Sejamos
Agora.

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