quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Matiz



Eis aqui uma caixa de lápis de cor.
Tão linda, uma embalagem cheia de cores.
O material é ótimo! Resistente, aparentemente duradouro.
Não há preço para comprá-la; eu a achei, pela rua.
Não posso abri-la de uma só vez.
Sem afobação, rapaz.
Nenhuma caixa se abre dessa maneira; não se iluda.
O vento desfaz as dobras.
O tempo cuida.
Aos poucos, seu interior se revela.
E, assim, suas infindas cores.
Não me pergunte quantos há.
Ou quantas cores possui.
Elas se misturam, criam-se novas.
São tantas, imensuráveis combinações.
Algumas menos comuns, mas, originais.
Uns usados, menores.
Há muito apontados; gastos.
Pintaram tantos, coloriram muitos.
Mau uso? Bom uso? Como saber?
Os intactos são poucos. Compreensível.
Tão belos, tão vibrantes.
Todos querem mergulhar eu suas cores.
Em papéis, em telas.
Na vida, por vezes tão cinza.
Cinza de dia; cinza de noites.
Cinza de muitos.
Muitos são cores.
Muitos são coloridos.
Muitos são outras cores.
Muitos são cor nenhuma.
Nem preto, nem branco.
A caixa tem todas as cores.
Até a cor sem cor.
Aquela que não tem nome.
Apenas existe, sendo única.
Aberta a futuros nomes, a serem criados.
Não há definição sempre.
O padrão é não ter padrão.

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