terça-feira, 19 de novembro de 2019

Vida.

Lembro-me de tudo
Posso começar?
Sei toda sorte de detalhes
A luz do poste era laranja
Iluminava o exato trecho da rua
Que atravessamos
Apressadamente.
Era tarde, e a violência urbana?
3:00 da manhã não é para os fracos
Naquele cruzar de ruas
Seu vocativo me penetrou
Desmontei de pé, como fiquei
Parecia que sempre estive ali
Com você, de você
Que dupla, na noite
Os risos eram tantos
De minha parte, embriagados
A felicidade foi o meu ópio
Tudo parecia tão divertido
Em meio a estranhos, quem diria
Eu, capricorniano antissocial
Velha guarda dos unidos do sofá
Sócio interino no clube dos calados
Lá estava eu, alegre como se a vida fosse apenas aquilo
Uma longa noite curta curtida
Regada a amizades, vidas e amor.
Pertencimento me definia
Ao pegar minha mão, ah, quando...
Podia me levar onde quisesse
Puxar-me correndo pelas ruas claras e escuras
Vielas da boemia carioca
Que risco? Que medo?
Confiava completamente em você
Sua direção seria a mais segura.
O conforto que sentia em teu olhar
Eu o via sem ar de novidade
Sem receios ou cuidados
Fomos nós mesmos sem rótulos
Sem cascas, máscaras ou escudos
Não nos protegemos da onda avassaladora
Corremos para ela sem mergulhar
Abri meu peito para o espelho d’água
Deixamos arder o soco, o tapa.
Levantamo-nos juntos
Sabedores do impacto
Cientes do encontro
O reencontro de nossas almas
Há tempos ocorrido
Há tempos esperado
Sem saber, soubemos lá
Sábado fim, Domingo novo
Nos braços de quem sempre me esperou
Origem
Estaleiro de mim
Cais de partida
Saí
Não volto mais.

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