Dormir me incomoda.
Sinto-me cansado, mas, por vezes, dormir me
incomoda.
São cinco, seis ou doze horas que temos para fazer... nada. Descansar é preciso, o corpo pede, mas, e aí? Produzimos o quê naquelas horas de repouso? Nada.
Gosto de dormir tarde. Tenho a sensação de que
aproveito mais o dia. Ou melhor, a noite. Sou notívago; penso melhor, tenho
ideias, ideais, sonhos e planos na madrugada. Não sei explicar, se é que há uma
explicação para isso. Sei que meu espírito se enche de energia na noite. Mas
tenho que dormir. E aí?
A noite me instiga. Por vezes, fico olhando a rua
durante a madrugada. Vejo janelas e mais janelas, algumas acesas, muitas
apagadas. Penso nas pessoas que lá residem. Se são felizes, se sentem dor
naquele momento, se estão a fazer sexo, se estão se recuperando de um dia terrível.
Com certeza, acerto sempre.
E o som? Os sons que a noite produz. Aquele barulho
dos carros passando, mas, de longe, muito menos frequentes do que durante o
dia. Alguém ouvindo rádio ao longe, provavelmente o guarda da guarita do
condomínio onde moro. Forço-me a ouvir a música e saber qual é. Muitas vezes, é
uma rádio de músicas light, flashbacks internacionais ou nacionais. Por vezes,
é um louvor. Ele deve ser evangélico.
Faço planos mirabolantes para vencer na vida. Bolo
tudo! Passo a passo, minimamente desenhados. Isso sem falar no dia seguinte.
Penso e planejo o meu dia inteiro nessas horas de silêncio. Acordarei mais
cedo, irei à academia pela manhã, tomarei um café mais leve. Em me imponho
horários, certo de que são possíveis. Está tudo pronto na minha cabeça.
Eu durmo. Acordo tarde. Cansado. A academia da
manhã já se foi. O café da manhã vira almoço. E daí? Haverá outra madrugada.
Planejarei tudo de novo.
E não cumprirei tudo novamente.
E isso não é fantástico?
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